Histórica · Literária

Poetisa santamarense: Amélia Rodrigues

Na postagem A santamarense Amélia Rodrigues, apresentamos as origens e formação e atuação dessa educadora e escritora baiana. Agora, apresentaremos sua produção literária.

amliarodriguesNa literatura, Amélia Rodrigues escreveu poesia, peças teatrais, literatura infantil romances, contos e crônicas. Sua literatura é marcada pelo humanismo cristão (em favor do negro, da mulher e das crianças), com cunho fortemente educativo. A produção literária de Amélia foi resgatada graças à Elizete Passos, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA), que em 1988 descobriu acidentalmente um baú com a produção de e sobre Amélia Rodrigues, na Biblioteca do Instituto Feminino da Bahia. Desde então, a vida e produção de Amélia Rodrigues passou ser objeto de pesquisas vinculadas ao NEIM e ao FACED, Faculdade de Educação da UFBA.

Amélia Rodrigues escreveu os livros de poemas: Filenila (1880), Sonhos de Gutemberg, O Leproso, Minha Pária, Ao Dois de Julho, A Abadessa da Lapa, Religiosa Clarissa (1916), Poemas Bem me Queres, Flores da Bíblia. Entre as peças teatrais, chamo a atenção para Fausta, que foi encenada no Teatro de Santo Amaro e que trata de uma temática audaz para o contexto, por retratar um escravo como mentor de uma jovem dona de engenho. Há a peça A Natividade, baseada na Bíblia e encenada no dia 23 de dezembro de 1899, no Teatro Politeama. Há ainda as peças não publicadas: O Filho Adotivo, Farsa, Vida intensa, Um passeio proveitoso e Um (O) Castigo.

Na literatura infantil, temos a comédia A Madrasta (1902); o drama Borboleta e Abelha (1920); O Bilhete de Loteria e Marieta das Flores. No gênero romance, Améli escreveu O Mameluco (romance publicado em capítulos no Echo Santamarense), Mestra e Mãe (1898), Um casamento segundo os novos moldes e A Promessa. No gênero crônicas, temos o livro Cartas a uma Amiga.(publicado em 1902, com o pseudônimo Dinorah).

Para a instrução de jovens e adultos, Amélia escreveu ainda obras como: a comédia Progresso Feminino (1924); Uma Flor do Destino (1924), biografia da Madre Vitória da Encarnação; Noção da Vocação Sacerdotal (1926), Flores Recreativas; Contos Avulsos, Rosas do Lar, e outros de 1866 ligados ao Abolicionismo.

A partir de 1918, Amélia passou a residir no Rio de Janeiro, onde foi trabalhar como editora nos periódicos dos Salesianos na recém criada editora Vozes. Faleceu em Salvador, bairro do Tororó, a 22 de agosto de 1926. Sua vida e produção literária é ainda um mundo a ser explorado, por isso, sugiro aos historiadores, literatos e feministas de Santo Amaro, ou outros interessados, a pesquisarem a riqueza dessa mulher vanguardista, sobretudo por causa da flagrante exclusão do cânone literário que sofrerão as escritoras nos séculos passados.

Para ilustrar sua produção, trazemos o poema abaixo:

PAZ
(Amélia Rodrigues)

Onde encontro a paz? …
Pergunto-me a todo instante.
Procurei-a há tempos idos
Num lugarejo distante…
Procurei-a num largo anfiteatro
E ainda não achei…
Procurei-a, desta vez, num circo
E também não encontrei…
Então pensei: Está no lar!…
Mas também lá não estava.
E pus-me novamente a buscá-la
Nos canteiros floridos, no pôr-do-sol,
Em todas as maravilhas do Universo
E nada consegui encontrar…
Um dia, embaraçada com tanta busca,
Perdi-me dentro de mim
E… Qual não foi a minha surpresa!
Lá estava ela…
A sorrir.

Referências

ALVES, Ivia. A Paladina Amélia Rodrigues e a silenciada Maria Augusta. In: Verbo de Minas: Letras. Juiz de Fora, vol. 11, n. 19, jan./jul. 2011, p. 167-186.

PASSOS, Elizete. Amélia Rodrigues (1861-1926). Coleção Educadoras Baianas. Salvador: EDUFBA-FACED, 2005.

RODRIGUES, Amélia. Paz. Disponível em: http://www.escritas.org/pt/poemas/amelia-rodrigues. Acesso: 20 mai 2016.

http://www.jacuipenoticias.com/Historia/amelia.htm. Acesso: 15 maio 2016.

Confira também: Poeta santamarense: Nestor O. da Costa

6 comentários em “Poetisa santamarense: Amélia Rodrigues

  1. Anossa poeta baiana Amelia rodrigues é preciso se tornar mais famosa como cecilia meireles
    é só os poetas do brasil e principalmente os da bahia declamar as suas poesias Para haver uma progeção maior. E viva a poesia do brasil ,principalmente da Bahia onde começou tudo

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