Amig@s, aqui está o último capítulo do conto Meu Anjo. Obrigado pela leitura. Que nossos amores sejam redentores!
Capítulo VII
O tempo fora passando e, por conseguinte, a nossa relação ia se estreitando. Todas as barreiras foram sendo ultrapassadas a fim de que tornássemo-nos um só corpo. Noivamos naquela noite memorável em que a senhora chorou abundantemente, e certamente não por tristeza, mas por alegria.
O amor de Ângelo por mim crescia consideravelmente, por isso, sempre fui tratada com uma ternura crescente. Seu bem-querer por mim parecia estar numa perene ascensão. Toda vez que eu imaginava ter chegado ao limite, ele me amava mais.
Até hoje é difícil de acreditar que casamos, mamãe. Ele aceitou correr o risco de contrair o HIV, porque mesmo usando o preservativo nas relações sexuais, de qualquer forma, estamos expostos ao vírus. Mas ele aceitou, graças a Deus!
Foi linda nossa primeira celebração de amor. Tive uma imensa alegria em me ofertar a ele e, creio, também experimentou a mesma alegria. Ainda recordo-me da delicadeza de seu toque e de nossa harmonia.
Também até hoje me custa acreditar que ele tenha cometido a loucura de furar o preservativo propositalmente. Ele não precisava fazer esse gesto, nunca exigi dele prova alguma de amor. Mas ele quis dá-la a mim, e fez com uma discrição tão grande, que somente tive conhecimento quando apareceram os primeiros sinais de gravidez. Compreendi que o amante, por desejo de se unir ao objeto de seu amor, rebaixa-se muitas vezes às mazelas do amado. Esse rebaixamento é para reconduzir o amado à felicidade.
O fruto dessa loucura, mamãe, é a maior preciosidade de minha vida. Nosso Rafael, que graças a Deus é sadio, é a prova de que o amor só frutifica amor! Ângelo mudou a minha vida, mãezinha, a presença dele encheu minha vida de alegria.
Quando eu imaginaria, no tempo de minha insanidade por causa da não aceitação da doença, que demoraria tanto para o vírus sair da lua-de-mel? Como eu imaginaria que, mesmo 15 anos depois de ter contraído o vírus, eu não teria desenvolvido a doença e nem o Ângelo? Ele, o meu anjo, é de fato meu redentor. Acho que o amor abundante com que ele me ama e o amor com que o amo, faz com que nosso vírus viva em lua-de-mel.
Mas a razão de lhe escrever essa imensa carta, mamãe, ao final de tudo, é para compartilhar a alegria que descobrimos aqui. Os cientistas acabam de decifrar o genoma humano. Estamos perto, muito perto, mamãe, de descobrir a cura para o HIV. Esse Fórum Mundial de Saúde, aqui em Paris, tem nos deixado repletos de esperança de um futuro sem fantasmas.
O meu anjo está dormindo agora. Visitamos ontem a Torre Eiffel, por isso, mando um cartão-postal com essa carta. Em breve, estaremos de volta. Tchau. Te amo, mamãe.
Ass: Maria, sua filhinha amada.
Ps: Até dormindo, ele parace um anjo, o meu anjo!
FIM
Leia os demais capítulos:
Meu Anjo (Parte I)
Meu Anjo (Parte II)
Meu Anjo (Parte III)
Meu Anjo (Parte IV)
Meu Anjo (parte V)
Meu anjo (Parte VI)