Em 1882, Antônio Conselheiro (1830-1897) já era conhecido como um homem santo pelos sertões da Bahia, mas ainda não havia se estabelecido no Arraial de Canudos, onde ele e seus devotos, em 1893, iriam fundar o Arraial de Belo Monte. Muitos (as) sertanejos (as) o escutavam por onde ele passava e esse fenômeno preocupava as autoridades civis e religiosas, tanto que em 1876 ele já havia sido preso por causa da falsa acusação de ter assassinado a mãe e a esposa no Ceará.
Aos 16 dias de fevereiro de 1882, o Arcebispo da Bahia, Dom Luiz Antônio dos Santos (1817-1891), o mesmo que ordenou o famoso Pe. Cícero Romão como sacerdote (1870), enviou um ofício aos párocos das freguesias do centro do Arcebispado da Bahia, alertando contra a atuação de Antônio Conselheiro.
No ofício, o Arcebispo diz as razões da oposição à atuação do Conselheiro, orienta os párocos à proibirem os paroquianos de ouvirem as pregações desse andarilho e, inclusive, menciona acionar o chefe de polícia em caso de insistência por parte de Antônio Conselheiro. Desse breve ofício, depreendemos marcas da história do pensamento religioso, como: pretensão de domínio do campo religioso, exclusão do laicato à pregação, entendida como tarefa exclusiva do clero; e aliança entre Igreja e Estado, em que aquela sente-se no direito de acionar este. Confira o ofício: OFÍCIO DO ARCEBISPO D. LUÍS (CANUDOS).