Faz pouco mais de um mês que recebi a visita de dois missionários que pediram um instante de meu tempo para me comunicarem sua “mensagem”. Começaram perguntando-me se eu sabia a distinção entre “reforma” e “restauração”. A primeira, segundo eles, consiste em consertar algo, inclusive realizando modificações; a segunda, por sua vez, consiste em recuperar a originalidade de algo. Daí, eles se definiram como anunciadores da restauração do projeto de Deus, que se encontra corrompido em todas as religiões, e, consequentemente, definiram sua igreja como a única verdadeira.
Posicionei-me na contramão da “mensagem”, argumentando a partir do diamante como metáfora da verdade, posto que um mesmo diamante possui várias faces da mesma forma que a verdade, embora única, possua muitas perspectivas. Assim como uma face do diamante não exclui a outra, uma perspectiva da verdade não exclui as demais.
Concluí dizendo que Deus é amplo demais para caber nos paradigmas de uma única denominação, ao que fui retrucado: “Não existem duas verdades ou meio-verdades; ou uma igreja é a verdade ou ela não é a igreja certa!” Quando perguntado se eu aceitaria uma nova visita, recusei-me, explicando que eles me trazem a resposta para uma pergunta que não me faço: “Qual é a igreja certa?”
Bem, o mal do século é a denominolatria, isto é, a idolatria a uma denominação religiosa. Cristo nem nome deu a Sua Igreja!
Adriano Portela
Feira de Santana, 16 de abril de 2015
* Crônica publicada originalmente no blog da Paróquia Anglicana Bom Pastor.
http://anglicanosnabahia.blogspot.com.br/2015/04/opiniao-denominolatria.html